domingo, 24 de julho de 2011

Grupo de cientistas de 27 países tenta evitar a extinção de um mamífero importante para o equilíbrio das florestas.


O maior mamífero nativo terrestre da América do Sul virou sinônimo de gente pouco inteligente. Uma injustiça. Dócil, exímia nadadora e mergulhadora, a anta é tão importante para o equilíbrio da mata que encantou esta engenheira florestal. Patricia Medici dedica a vida à conservação delas. É presidente de um grupo que reune profissionais de 27 países empenhados na proteção das quatro espécies mundiais.
A anta brasileira é considerada vulnerável em termos de ameaça de extinção. Corre perigo de desaparecer por causa do desmatamento, da fragmentação das florestas, da caça e dos atropelamentos. A equipe do Repórter Eco foi ao Pantanal da Nhecolândia, no Mato Grosso do Sul, para mostrar este importante estudo sobre antas realizado pela ong Ipê, o Instituto de Pesquisas Ecológicas.
A cerca de trezentos quilômetros de Campo Grande, na Fazenda Baía das Pedras, estão as armadilhas para capturar animais para o estudo. O sal e os frutos do Jatobá e do Baru funcionam como iscas. Mas desta vez quem caiu foi o Porco Monteiro.
Os pesquisadores rodam quilômetros para tentar capturar as antas nesta paisagem cheia de vida selvagem: Cervo do Pantanal, Raposas ou Lobinhos, Quatis, dezenas de pássaros, como o Colhereiro, esta enorme Sucuri, se movendo para entrar na água. Ela é a segunda maior serpente do mundo, só perde para a Píton, da Ásia. Chega a ter quatro metros de comprimento, mas não é venenosa. Ela se alimenta de peixes,aves e mamíferos.
À beira do poço onde as antas bebem água, é preciso checar a armadilha fotográfica. Uma anta andou por aqui. As fezes são coletadas para estudos da dieta e do DNA.
A anta é conhecida como jardineira da floresta porque faz muito pela biodiversidade. Se alimenta de frutos como este, da Palmeira Acuri e percorre longas distâncias. Quando defeca longe da planta mãe, dispersa sementes, promovendo o plantio de novas árvores. Ela come os brotos e galhos mais tenros de árvores como a Mamica de Cadela. Assim impede que determinadas espécies tomem conta das áreas de mata.
A Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira nasceu como um projeto para estudar o animal na Mata Atlântica, em 96, no Pontal do Paranapanema, no oeste do estado de São Paulo. Desde 2008 os estudos começaram a ser realizados também aqui no Pantanal, para ver como o bicho se comporta em outro ambiente natural. As pesquisas científicas são fundamentais para orientar as ações que vão resultar na conservação da espécie.
A coordenadora do trabalho, que é conhecida como Patrícia das Antas, se pergunta o que seria da floresta sem elas.
Entrevista com Patrícia Medici/engenheira florestal e coordenadora da Iniciativa Nacional para a Conservação da Anta Brasileira .
"É um fóssil vivo, um animal que tem um histórico de eras e tem essa questão do animal ter tanta influência sobre a biodiversidade e a estrutura florestal."
REPORTER ECO - MATÉRIA DO DIA 06/03/2011