quinta-feira, 30 de junho de 2011

Liliane, o pequeno notável




Ainda é possível apreciar os Agapornis Liliane (ou Lilianae), voando em
bandos, nas proximidades de rios africanos como o Zambezi, depois de uma manobra
acrobática, instantaneamente se tornam invisíveis ao pousarem nas árvores ciliares, mas
certos da sua alegre presença graças aos sons emitidos, após a euforia da chegada,
observando bem os arredores, mergulham para a margem e prudentemente se chegam à
água, depois de alguns goles, vem a festa do banho e as revoadas.Esta cena e tantas
outras maravilhosas se dá no Sul da Tanzânia, Noroeste de Moçambique, Sul de
Malawi, Sudeste da Zâmbia até Zimbabwe.
Claro que apreciar este espetáculo é um privilégio de poucos, são eles os
nativos e eventualmente intrépidos pesquisadores . No entanto é uma alegria para
muitos em toda terra saber, que essas graciosas e delicadas aves, estão presentes em seu
habitat, ainda que perdendo espaço
para a expansão da população
humana.
Essa ave tem como característica a delicadeza em suas formas, tendo os seus
membros bem menores em relação as outras espécies, como o bico, pés e demais, enfim
como um todo a sua principal identificação está no seu porte diminuto, sua dimensão
deve estar bem próximo dos 13 cm. Suas cores são intensas onde o verde do corpo se
contrasta maravilhosamente com um o tom laranja avermelhado, do babador , face e
cabeça até o início da nuca (denominado máscara).
No entanto essa belíssima ave, como Deus a criou, vem sofrendo um processo
de “ mistura “, perdendo assim suas características originais, o que chamamos de”
padrão selvagem” pois, muitos criadores as cruzaram com espécies diferentes. Este é
um problema sério nos agapornis conhecidos como de aro branco (auréola branca ao
redor dos olhos) sendo estes, Personatas, Fischeri, Nigrigenis e o Lilianes, os quais
permitiu-se cruzamentos entre eles. Inclusive há relatos que isto vem ocorrendo também
na natureza, em função da redução do habitat.
Os Roseicollis não tem esse problema porque os filhotes provenientes de
eventuais cruzamentos com outra espécie, originam filhotes praticamente estéreis
(híbridos conhecidos como” mulas”).
Cremos que esta seja a principal dificuldade na criação de agapornis de aro
branco, pois embora na maioria dos casos os acasalamentos desaconselháveis são
permitidos de maneira inconsciente .
Embora seja plenamente visível, quando uma ave tem “sangue” de outra
espécie, no entanto para essa identificação exige-se conhecimento técnico. Outros
criadores o fazem de maneira consciente não se importando e alguns casos até achando
que é mérito, como é o caso “persofischeri” (mistura de Personata com Fischeri). Essa
triste realidade pode ser vista em qualquer Pet Shop.
Em outros paises, EUA, Austrália e principalmente na Europa (Bélgica, Holanda,
Dinamarca, Alemanha), o “padrão selvagem”, é mantido na grande maioria dos
criadores, inclusive na mutações.
Com relação aos Lilianes no Brasil, infelizmente são raros as aves com
características originais, no entanto existem criadores, principalmente no sul do país,
que estão se aprofundando no trabalho de resgatar geneticamente esta espécie, e os
resultados tem sido animadores, já estão surgindo aves dentro do padrão original da
espécie. E indo mais além, desenvolvendo transmutações, existem trabalhos sérios em
andamento nos fatores escuros, jade, oliva e num futuro próximo poderemos apreciar
Lilianes, violetas, azul cobalto diluído, golden, silver e belíssimo arlequins. Tornando
o encanto de suas formas e características, sob outras cores e combinações, algo
fascinante.
Para se conhecer um bom exemplar desta bela ave, não é difícil basta parar e
com calma observar atentamente os detalhes de seus membros (literalmente dos pés,
unhas a cabeça), sua forma e a distribuição das cores, pois ela tem peculiaridades bem
visíveis, se atentarmos aos detalhes principalmente na região da face e cabeça pode-se
detectar se há “sangue” de outra espécie, descreveremos alguns aspectos mais evidentes,
onde rapidamente se pode ter um parecer.
Além do tamanho pequeno em relação a outras espécies, em torno de 13 cm,
devemos observar o bico, pois este necessariamente deverá ter duas cores, ou seja na
base (junto a testa) ele é bem mais claro (branco marfim) e todo o restante é vermelho ;.outro detalhe fácil de detectar é no olho, é o chamado “olho de cobra” , a qual é a íris
castanho escuro (no centro) contrastando com a esclerótica (ao redor) castanho claro. A
máscara deve ser um laranja avermelhado, que vai do babador até parte posterior da
cabeça (tomando toda a superfície plana da cabeça) sem infiltrações de penugens cinzas
principalmente nas imediações abaixo e laterais ao bico, seu houver indica “sangue” de Nigrigenis ou Personata; o pés e unhas devem ser claros um tom cinza róseo. Uma outra
evidencia está região do uropígio (parte posterior do dorso, no início da cauda) que
deverá ser da mesma cor do dorso da ave (homogêneo), se tiver a presença de tons
azulados, significa a mistura (com Fischeri e / ou Personata). Salientamos que se faltar
qualquer uma dessas descrições, embora tendo outras, constata-se que se trata de ave
com “mistura” genética, e a desqualifica como padrão original.
Portanto aos amantes das aves, temos aqui uma bela oportunidade de realização
dentro da ornitologia, a qual é buscar reaver as características naturais o “padrão
Selvagem” dos agapornis no Brasil, pois além do aspecto genético, sem dúvida
esteticamente é o mais belo e harmonioso. E as ferramentas para isto são “ a busca do
conhecimento e a perseverança”.
Sobretudo para o grupo de agapornis Lilianes, fica o bom desafio aos criadores
de dar continuidade não só a presença dessa belíssima espécie em nosso país, mas
também ao processo de melhoramento genético, buscando o padrão selvagem, pois hoje
na imensa maioria dos casos, apesar de serem chamados de Agapornis Liliane, na
verdade não o são. Mas com o desenvolvimento do interesse em conhecer melhor essa
ave busca-se o conhecimento, o qual é a base para escolha de boas matrizes e assim
promover os acasalamentos adequados, cremos que este é o caminho para voltarem a
serem os verdadeiros pequenos notáveis.
Joinville, maio de 2010
Wilson Silva Gomes
Presidente da FOC – Federação Ornitológica Catarinense.
Presidente da AJO – Associação Joinvilense de Ornitologia
Campeão Brasileiro do Grupo – Agapornis Liliane - 2010

Um comentário:

  1. Ja que o teu foco sao as aves, sugiro que tu faca uma pesquisa sobre a Arpia, e uma ave de rapina com habitos bem interessantes. Acho que tu vai gostar. Bjimm

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